Bulimia
Nervosa na infância e adolescência
Bulimia Nervosa é uma síndrome (um
distúrbio alimentar) caracterizada por ataques repetidos de hiperfagia (consome
grande quantidade de alimentos e de preferência, alimentos hipercalóricos) e
preocupação excessiva com o controle de peso corporal, o que leva o paciente a
adotar medidas extremas para não engordar, como vômitos auto-induzidos após a
ingestão de alimentos, abuso de purgantes e períodos alternados de inanição.
Características
que sinalizam a Bulimia Nervosa
Interrupção da menstruação; consumo de
grandes quantidades de comida em um curto período de tempo seguido por vômitos,
divido a um forte sentimento de culpa. O medo de engordar leva a vômitos
provocados ou auto-induzidos, geralmente realizados às escondidas, numa
freqüência mínima de duas ou mais vezes por semana, trazendo numa sensação de
alívio à paciente.
O interesse por rituais alimentares;
Obsessão por exercícios físicos; a
presença de depressão grave e o comer escondido como prática comum.
Ingestão compulsiva e exagerada de
alimentos;
Alimentação excessiva sem ganho de
peso; a auto-indução de vômitos e abuso de laxantes e diuréticos.
Alguns bulímicos tem problema de
dependência de drogas e álcool e de furto compulsivo (cleptomania).
Sinais Físicos da Bulimia Nervosa
O vômito auto-induzido pode provocar
erosão esofagiana (esofagite de refluxo) e aumentar as glândulas paratirótidas
(deixando as feições das pacientes arredondadas, com aspecto de 'lua cheia'),
assim como diminuir a taxa de potássio no sangue, causando ritmo cardíaco
anormal.
Fisicamente também podem apresentar calosidade
no dorso da mão (ação de levar o dedo à boca provocando vômito) conhecida por
'sinal de Russell', desgaste dentário e conseqüente presença de cáries em razão
do suco gástrico.
Tipos
de Bulimia Nervosa
Os seguintes subtipos podem ser usados
para especificar a presença ou ausência regular de métodos purgativos como meio
de compensar uma compulsão periódica:
Tipo Purgativo:
Este subtipo descreve apresentações nas quais o paciente se envolveu
regularmente na auto-indução de vômito ou no uso indevido de laxantes,
diuréticos ou enemas durante o episódio atual.
Tipo Sem Purgação: Este subtipo descreve apresentações nas quais o paciente usou outros comportamentos compensatórios inadequados, tais como jejuns ou exercícios excessivos, mas não se envolveu regularmente na auto-indução de vômitos ou no uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas durante o episódio atual.
Transtornos Associados
Os pacientes com Bulimia Nervosa
tipicamente estão dentro da faixa de peso normal, embora alguns possam estar
com um peso levemente acima ou abaixo do normal. O transtorno ocorre, mas é
incomum, entre pacientes moderada e morbidamente obesos.
Há indícios de que, antes do início do
Transtorno Alimentar, os pacientes com Bulimia Nervosa estão mais propensos ao
excesso de peso do que seus pares. Entre os episódios compulsivos, os pacientes
com o transtorno tipicamente restringem seu consumo calórico total e selecionam
preferencialmente alimentos com baixas calorias (diet) evitando alimentos que
percebem como “engordantes” ou que provavelmente ativarão um ataque de
hiperfagia.
Os pacientes com Bulimia Nervosa
apresentam uma freqüência maior de sintomas depressivos (por ex., baixa
auto-estima, insegurança) ou Transtornos do Humor (particularmente Transtorno
Distímico e Transtorno Depressivo Maior). Em muitas ou na maior parte dessas
pessoas, o distúrbio do humor começa simultaneamente ou segue o desenvolvimento
da Bulimia Nervosa, sendo que com freqüência atribuem sua perturbação do humor
à Bulimia Nervosa. Também pode haver maior freqüência de sintomas de ansiedade
(por ex., medo de situações sociais) ou Transtornos de Ansiedade. Esses
distúrbios do humor e de ansiedade comumente apresentam remissão após o
tratamento efetivo da Bulimia Nervosa.
Em cerca de um terço dos pacientes com
Bulimia Nervosa ocorre Abuso ou Dependência de Substâncias, particularmente
envolvendo álcool e estimulantes. O uso de estimulantes freqüentemente começa
na tentativa de controlar o apetite e o peso. É provável que 30 a 50% dos pacientes com
Bulimia Nervosa também tenham características de personalidade que satisfaçam
os critérios para um ou mais Transtornos da Personalidade (mais freqüentemente
Transtorno da Personalidade Borderline).
Evidências preliminares sugerem que os
pacientes com Bulimia Nervosa, Tipo Purgativo, apresentam mais sintomas
depressivos e maior preocupação com a forma e o peso do que os pacientes com
Bulimia Nervosa, Tipo Sem Purgação.
Causas
Pouco se conhece a respeito das causas
da Bulimia Nervosa. Possivelmente exista um modelo onde múltiplas causas devem
interagir para o surgimento da doença, incluindo aspectos socioculturais,
psicológicos, individuais e familiares, neuroquímicos e genéticos.
Influência cultural tem ido apontada,
atualmente, como um forte desencadeante; o corpo magro é encarado como símbolo
de beleza, poder, autocontrole e modernidade. Desta forma a propaganda dos
regimes convence o público de que o corpo pode ser moldado. Assim, a busca pelo
corpo perfeito tem se manifestado em três áreas: nutrição/dieta, atividade
física e cirurgia plástica. Nos EUA o números de lipoaspiração passou de
aproximadamente 55.900 casos em 1981 para 101.000 em 1988.
Distúrbio da interação familiar,
eventos estressantes relacionados à sexualidade e formação da identidade
pessoal são apontados como fatores desencadeantes ou mantenedores da bulimia.
Postula-se que alterações de diferentes neurotransmissores podem contribuir
para o complexo sintomático, notadamente dos mesmos neurotransmissores
envolvidos na depressão emocional.
Grupos
de Incidência
A taxa de prevalência da bulimia
nervosa é de 2 a
4% entre mulheres adolescentes e adultas jovens. A grande maioria dos pacientes
com bulimia nervosa é do sexo feminino, na proporção de 9:1. O início dos
sintomas vai dos últimos anos da adolescência até os 40 anos com idade média de
início por volta dos 20 anos.
Algumas profissões em particular
parecem apresentar maior risco, como é o caso dos jóqueis, atletas, manequins e
pessoas ligadas à moda em geral, onde o rigor com o controle do peso é maior do
que na população geral. Semelhante à anorexia nervosa. Aspectos socioculturais
são importantes na medida em que a doença parece também mais comum em classes
econômicas mais elevadas.
Tratamento
A grande maioria dos pacientes
bulímicos deve ser tratada em nível ambulatorial, exceto nos casos onde o
desequilíbrio metabólico exige uma intervenção mais intensiva. É interessante o
tratamento ambulatorial pois, em geral, os pacientes são mulheres jovens
estudantes ou com empregos, donas de casa e com filhos pequenos, onde o
afastamento seria prejudicial.
Quando necessária, a internação ocorre
por complicações associadas como: depressão com risco de suicídio, perda de
peso acentuado com comprometimento do estado geral, hipopotassemia seguida de
arritmia cardíaca e nos casos de comportamento multiimpulsivo (abuso de álcool,
drogas, automutilação, cleptomania, promiscuidade sexual).
A psicoterapia pode ser de linha
cognitiva e/ou comportamental e deve ajudar o paciente no entendimento dos seus
aspectos dinâmicos assim como orientá-lo em questões práticas, por exemplo:
planejando antecipadamente os horários quanto às atividades e refeições; tentar
comer acompanhado; não estocar alimentos em casa; pesar-se apenas na consulta
médica, etc.
Os antidepressivos têm demonstrado
maior eficácia na diminuição dos episódios bulímicos.
Eliane Pisani Leite
Psicóloga – Acupunturista - Psicopedagoga
Neuropsicopedagoga
Autora dos livros:
Pais EducAtivos,
Brinquedos e brincadeiras
A importância da mulher na Sociedade
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