domingo, 29 de junho de 2014

Acupuntura e Infância




ACUPUNTURA E INFÂNCIA



Cada vez mais a acupuntura vem tomando espaço nos consultórios como uma forma auxiliar de tratamento de diversos problemas de saúde.
Ao contrário ao que a maioria das pessoas imagina, a acupuntura não é uma ferramenta própria para tratar a DOR, mas sim para tratar o ser humano como um todo. Essa foi a finalidade dos chineses ao utilizarem esse método há cinco mil anos atrás. Hoje em dia alguns grupos de especialistas a utilizam de forma isolada, tratando apenas partes do corpo humano. A acupuntura chinesa tradicional não concebe sua utilização dessa forma, mas sim como fazem outras ferramentas alternativas como, por exemplo, a homeopatia, onde não trata o sintoma da doença, mas busca no ser a sua causa, dessa forma harmonizando e equilibrando toda energia que flui naquele corpo para que este não adoeça, porém se adoecer tentará harmonizá-lo novamente.
Para entendermos melhor sua eficácia e utilização vejamos um pouco de sua história.
A acupuntura é um método terapêutico milenar, nascida no vale do Rio Amarelo, na China.
Aos poucos sua prática se estendeu por todo Império Chinês e depois por todo continente asiático, em especial na Coréia e no Japão. No século XVII chegou na Eurásia e na África até finalmente atingir o mundo ocidental.
Trata-se de uma arte de cura, cuja técnica consiste em introduzir agulhas metálicas em pontos “chaves” do corpo humano ou ainda, estimular esses pontos com esferas metálicas, sementes naturais, lazer ou aparelho elétrico que possui efeito similar às agulhas.
Temos duas noções básicas dessa terapêutica:
1 – Noção da energia QI: a energia que rege o universo-macrocosmo e se manifesta sob duas formas alternantes e complementares: a energia Yang, positiva, e a energia Yin, negativa.
2 – A existência de pontos cutâneos especiais dos quais os chineses se referem como Tsing (poços). Para os orientais esses pontos estão repartidos pelo corpo humano em trajetos lineares chamados de meridianos para os ocidentais, termo este traduzido por Soulié de Morant e Kings para os chineses.
O King se assemelha a um “fio de seda” tão tênue e imperceptível e nele encontramos os Yu (casulos), uma espécie de vaso que contém um fluído invisível chamado pelos chineses de “a grande onda subterrânea” cuja função é dinamizar e trabalhar essa energia pelo corpo.
Na pré-história, os chineses observaram que todo distúrbio orgânico era acompanhado por um ponto doloroso no revestimento cutâneo do corpo. Tratavam as doenças enterrando lascas de sílex na região.
Na época essa tradição era realizada por grandes chefes míticos, entre eles temos: Fu Xi; Shen Nong e Huang Di.
Fu Xi seria o primeiro desses chefes, atribui-se a ele a grande elaboração das concepções chinesas do Universo. Em suas prolongadas observações da natureza, através das estrelas, percebeu que algumas só poderiam ser vistas de acordo com a posição anual do Sol, a este ciclo Fu Xi chamou de quatro Palácios: da Primavera, do Verão, do Outono e do Inverno. E também criou o calendário Lunissolar com seus doze meses.
Observou a terra que era o reflexo do que se passava com o céu, atribui o nome de Palácio central da Terra cercado dos quatro orientes: leste, sul, oeste e norte.
Fu Xi logo conclui que existe uma energia (QI) responsável pelos movimentos dos astros e ciclos de movimentação terrestre, entre outros estudos Fu XI elabora o Princípio Binário.
O princípio binário elucida as energias: Yin e Yang.
Tudo o que é quente; atividade; solidez; dureza; compreensão é Yang, e tudo o que é sombra; lentidão; fluidez é Yin. Porém essas duas concepções não vivem separadamente, onde houver o Yin estará o Yang e vice e versa.
Fu XI ficou conhecido também pelas oito trigramas (Pa Kua) ou varas de Logos.
O Pa Kua simboliza o crescimento e o decréscimo do Yin e Yang, sendo representado por traços contínuos claros do Yang e descontínuos e escuros do Yin. As três linhas de traços correspondem: a primeira do céu; a última da terra, a mediana ao homem e as mutações podem aplicar-se ao todo, como por exemplo, as fases da lua.
O segundo mítico é Shen Nong (espírito trabalhador), estudou a agricultura, os cinco cereais, mas também as plantas que curam.
E Huang Di trouxe a independência para a medicina chinesa, recomendava aos médicos da corte o uso da acupuntura.
O período pré imperial corresponde à idade do bronze e ao início da idade do ferro se estendendo até a criação do império. Nessa época temos os primeiros registros relativos à acupuntura.
- O “Yi King” (Livro das Mutações – séc. X-XI a. C.). É a obra mais antiga, trata das descobertas de Fu XI.
- o “Chou King” (Livro da História) (séc. IX-VIIIa.C.) trás consigo meditações sobre a correspondência entre o cosmo e o homem e a primeira enumeração escrita dos Cinco Elementos: água; fogo; madeira; metal e terra.
- O “Lu Che Tchuen Ts´ieu (Anais do Reino de Lu) (772-481ª.C.) nele encontramos referências ao médico Pienn Ts´io, célebre para diagnosticar os órgãos doentes pela observação da pele.
-Os “Tcheu-Li, Yi-Li,Li-Ki” (Livro dos Ritos), que revela os ensinamentos de Confúcio – Kong-Tseu.
- O “Tão-Te-King” (Livro do Dão e do Do), atribuído a Lao –Tsé e expõe as doutrinas do Taoísmo.
Já no período Imperial d´-se a publicação de grandes obras como:
- O “Nei-King” (O Livro do Interno) (453 a.C. -200d.C.) constitui a obra básica de todos os acupuntores.
- O”Nana-King” (O Livro dos Problemas Difíceis) trata-se de uma interpretação dos problemas difíceis do Nei-King, e expõe em detalhes “a teoria dos pulsos”
- O ‘Kin-Kuei-Yao-Lio-Fang” (resumo da Receitas do Cofre de Ouro) (séc.IIa.C.) trata de sintomatologia, pulsologia e terapêutica.
A Europa conheceu essa doutrina no século XVII, quando os jesuítas trouxeram do Extremo Oriente esses conhecimentos e denominaram essa doutrina como “Acupuntura” a partir do latim Acus = agulha e puntura = picar, picar com agulhas.
A acupuntura sempre foi mais procurada para tratamentos em pessoas adultas, porém no trabalho com crianças se obtém excelentes resultados, infelizmente o conhecimento popular relaciona a acupuntura sempre com “picadas de agulhas” o que afasta os pequenos pelo temor às mesmas, mas como já foi dito anteriormente podemos utilizar outros materiais no trabalho com crianças ou adultos que receiam as “picadas”.
No meio acadêmico existem diversos trabalhos publicados, nacionais e internacionais que relatam os benefícios deste método de trabalho para os mais diversos tipos de ansiedade, depressão, transtornos alimentares e tantos outros problemas comuns em nossa sociedade.
Acredito que a acupuntura possa vir ajudar em vários tratamentos, trazendo alívio para diversos males com maior rapidez e eficiência.



                                                                                    Eliane Pisani Leite
  Psicologia – Acupuntura
Psicopedagogia - Neuropsicopedagogia

   Autora dos livros:
·        Pais EducAtivos;
·        Brinquedos e brincadeiras;
·        A importância da mulher.



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