AUMENTO DA VIOLÊNCIA
URBANA X
COMPORTAMENTO DO BRASILEIRO
O
comportamento humano é algo muito rico a ser estudado.
Estava
em férias lendo uma revista cientifica, quando me chamou a atenção um
comentário feito por um italiano que freqüenta o Brasil.
O
texto dizia o seguinte:
“Visito
este país há muitos anos e confesso que me surpreendeu o fato de o brasileiro,
como regra geral, baixar a cabeça diante dos maus tratos e das explorações a
que é submetido em todos os lugares e situações. “Não tem jeito mesmo”,
costumam argumentar os amigos brasileiros com quem comento abismado, esse tipo
de comportamento. Na Itália, de onde venho, bem como na maioria dos países
europeus, a população não se deixa conduzir, não se deixa explorar com essa
passividade, não. É claro que nossos governantes e nossos poderosos estão longe
de ser santos. Mas quando alguma coisa podre deles é descoberta e vem à tona, as
pessoas saem às ruas, aos berros e não sossegam enquanto justiça não for
feita.
Peço
desculpas se, como estrangeiro, crítico esse vício de comportamento de tantos
brasileiros. Mas o faço por amor a esta terra, e é pela mesma razão que
aconselho os brasileiros a por a boca no trombone e gritar bem alto quando seus
direitos não são respeitados.
Como
ensina até a Bíblia, no episódio das muralhas de Jericó, o poder do grito é uma
realidade e muitas vezes funciona quando se quer fazer justiça.” Giuliano
Ubaldi – Roma – Itália. Revista Planeta – set
2007.
Infelizmente
eu como estudiosa do comportamento humano tenho que concordar 100% com o
comentário deste Sr. Tenho ficado cada vez mais indignada com o comportamento
passivo do brasileiro. Como vivo em São Paulo, me surpreendo com a passividade
e timidez do paulista. Com um perfil quieto, retraído, consumista e alguns até iludido.
Iludido porque acredita na novela, na mídia e em todo tipo de bombardeio de
informações que diz: “Ser feliz é ter...”; “Diga e mostre quem é comprando...”.
Os
temas chaves da mídia ilusória vêm sempre com palavras fortes como: “Ser feliz
é...”; “Amar é...”. Aí saímos nas ruas e vemos um bando de pessoas idênticas.
Idênticas
no sentido de não ter identidade original, pois se a moda é carro prata, todos
querem carro prata e assim por diante. Mas onde entra a violência urbana nessa
história. Ela entra quando toda a população acredita que o meio de se comunicar
é pelo consumo para se igualarem, só que nessa história, percebemos que as
pessoas estão cada vez mais introspectivas e fechadas em seu mundinho,
acreditando que assim estão se protegendo e ao mesmo tempo se destacando, outra
ilusão. Os fatos mostram que esse isolamento urbano só vem a favorecer a
violência, pois o crime organizado se alimenta desse silêncio, dessa
estagnação, dessa falta de solidariedade da população.
Quando
as pessoas presenciam um assalto ou algo errado, o comum é calarem-se, é óbvio
que não devem enfrentar os criminosos, os infratores, pois o risco pode ser
grande, uma vez que geralmente estão armados, porém o que observamos por aqui,
é que quando um time de futebol vence um campeonato, todos vão para as ruas,
juntam-se e comemoram, gritando, falando, gesticulando. Porque não fazemos o
mesmo para protestar quando algo errado acontece na cidade.
A
população precisa reaprender a ser solidaria para reivindicar seus direitos,
para exigir mais segurança que particularmente na cidade de São Paulo está um
caus. Não temos segurança nem dentro das próprias casas, não existem leis e
regras suficientes para inibir a ação de infratores adultos e crianças no crime
organizado.
A união
da população é um comportamento que funciona, alguém já viu infrator não ter
grupo de apoio?
Nós
cidadãos também temos que nos apoiar, não precisamos morrer de amores pelos
companheiros, mas temos que saber usar a inteligência para grandes causas.
Quando um começa o movimento, todos os outros percebem a intenção e colaboram,
assim os resultados logo acontecem.
A
sociedade precisa colocar em pratica a inteligência social, quando se isola
perde pontos. Temos um Governo que muitas vezes em discursos tem estimulado o preconceito
social de classes e raças. Isso pode render-lhes votos nas urnas, porém é uma
política pobre que só estimula a rivalidade de classes e procura igualar a
todos por baixo.
Todos
almejam evoluir e desenvolver, que sejamos igualados pelo melhor, pelo mais
nobre, pelo mais educado, pela decência e moral, pela dignidade, pelo correto e
lógico.
Eliane
Pisani Leite
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