A PASSAGEM DA FASE EGOCÊNTRICA PARA A DESCOBERTA DO OUTRO
Quando o bebê nasce ele pode parecer a algumas pessoas um
ser egocêntrico, que só fica em seu mundinho pessoal, chora, logo é atendido em
suas necessidades, acalma, dorme, alguém vem para dar banho, trocar fraldas e o
deixa quietinho para desfrutar de seus belos sonhos. Há que vida boa !!!
O que muitas pessoas desconhecem é que essa fase não é assim
tão tranqüila, pois se imagine num mundo estranho, sentindo sensações incomodas
e sem saber se comunicar para pedir ajuda, sendo manipulado por pessoas na hora
que gostaria de ficar sozinho, quietinho, “na sua”.
Bem, nessas horas não resta alternativas à maravilhosa
natureza a não ser criar representações do que está acontecendo “lá fora”, fora
dele.
É dessa forma que a maravilhosa máquina humana com seu
poderoso cérebro começa a criar suas representações do que seja o “MUNDO”,
assim ele começa seu processo de reconhecimento do outro e começa a sair de seu
mundinho pessoal.
Quando a criança organiza suas representações,
automaticamente se organiza e vai entrando em contato progressivo com sua
significação mais profunda. Estas manifestações simbólicas nada mais são do que
mecanismo que auxiliam na tomada de consciência do ser em relação.
Para Winnicott, pediatra e psicanalista inglês a primeira
brincadeira do bebê é o uso que ele faz do urso, da fralda, ao que ele denomina
‘objeto transicional’, isto significa que a criança faz uso desses objetos como
uma substituição da presença da mãe, quando esta se ausenta.
Quando a criança começa a usar esse objeto, que representa
sua mãe e as boas experiências de cuidados (alimentação, colo, etc) ela
demonstra estar apta a formar dentro de si, uma imagem do objeto (de mãe e do
manejo exercido pela mãe). O fenômeno do objeto transicional consiste no
primeiro uso de um símbolo ou seja a representação do mundo externo.
O bebê só pode recriar algo que já foi por ele vivido, e a
princípio, é sua mãe que lhe fornece essas experiências que ele deseja recriar.
Com objetos transicionais e o uso que a criança fará deles,
surgirá um espaço potencial para que a fantasia e realidade, subjetividade e
objetividade, poesia e ciência se mesclem, se misturem, se sobreponham. Capaz
de interagir criativamente esses dois mundos, a criança por sua vez desenvolve
sua imaginação e passará assim a viver suas primeiras experiências sociais e de
interação com o meio em que vive.
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